A teoria atômica da matéria é mais uma notável invenção grega! A ideia de que a matéria é constituída por átomos, isto é, por corpúsculos indivisíveis, foi estabelecida por Leucipo de Mileto (460-370 a.C.) e desenvolvida por Demócrito de Abdera (470-380 a.C.). O aparecimento dessa concepção é parte integrante de uma cultura científica que, desde o século VI a.C., com Thales de Mileto (640-562 a.C.), começa a dar os primeiros passos na tentativa de compreender racionalmente o mundo natural. De acordo com Leucipo e Demócrito, a matéria não é contínua. Ela é constituída de ‘germes’ eternos, minúsculas partículas duras, indestrutíveis, inacessíveis ao olho humano. Por concebê-las como as menores subdivisões possíveis da matéria, foram chamadas de átomos. Os átomos de Demócrito são todos feitos de uma mesma substância. Diferem em tamanho, forma, movimentos e arranjos geométricos, sendo a diversidade de todas as coisas explicadas por essas diferenças. Os átomos de Leucipo, Demócrito, Epicuro, não têm cor, sabor, cheiro. São seus movimentos, suas formas e seus arranjos espaciais que explicam essas sensações humanas (em suas interações com os órgãos dos sentidos), as propriedades da matéria, os fenômenos naturais, a imensidão do cosmos. Mais tarde, Platão e Aristóteles formularam a hipótese de que não poderia haver partículas indivisíveis. Com isso, a visão atõmica da matéria da matéria enfraqueceu-se por vários séculos, durante os quais a filosofia aristotélica dominou a cultura ocidental. FONTE: Peduzzi, L.O.Q. Do átomo grego ao átomo de Bohr, Departamento de Física, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008