Ao investigarem o espalhamento de partículas alfa por uma folha fina de metal, Marsden e Geiger, constatam que a grande maioria das partículas atravessava a lâmina afastando-se muito pouco de suas trajetórias primitivas. Contudo, algumas delas apresentavam grandes e inesperados desvios, e umas poucas voltavam para trás. A surpresa de Rutherford com o relato do experimento pode ser bem avaliada quando, alguns anos depois, ao se reportar a este resultado, ele diz que foi como se lhe tivessem dito que “ao atirar em uma folha de papel a bala tivesse ricocheteado”. O modelo de Thomson não podia explicar os grandes desvios, pois não há concentrações localizadas nem de massa e nem de carga positiva em seu átomo. Assim, o que estaria produzindo esses desvios? Detendo-se sobre esse problema, Rutherford conclui que há um diminuto mas intenso centro de espalhamento nos átomos do metal, que concentra quase toda a sua massa e, também, um grande volume com uma reduzida densidade de partículas, que é onde se localizam os elétrons que giram em torno do núcleo. Para Rutherford, a atração eletrostática entre o núcleo positivo e os elétrons negativos conferia ao sistema a força centrípeta necessária à sua estabilidade mecânica. Mas, e quanto à emissão de radiação pelos elétrons acelerados? Rutherford é apenas mais um entre aqueles que não possuem resposta a essa questão. Ela demanda uma ampla revisão de conceitos da física clássica. FONTE: Peduzzi, L.O.Q. Do átomo grego ao átomo de Bohr, Departamento de Física, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008