AFFONSO ROMANO SANT’ANNA

(escritor, poeta e crítico)

 

“Essa Bienal do Mercosul em Porto Alegre está cheia de coisas assim, a começar do primeiro galpão com uma idéia paupérrima de botar 70 toneladas de areia para os artistas fazerem algo em cima. Não se sabe o que é mais indigente, se a idéia da curadora ou a prática dos artistas. Ali, para ficar só num exemplo, só a obra de uma moça fazendo  a projeção de imagens sobre a inutilidade do serviço doméstico feminino é algo criativo. Já um outro artista botou lá aquelas árvores de cabeça para baixo com auriculares e risível. É um desrespeito (paradoxal) à natureza. Ai que saudades de Krajeberg, realmente inventivo e participante”.

Na condição de público que foi à Bienal, posso contrapor a opinião de um crítico reconhecido e respeitado. Por estarmos em posições distintas, a nossa ótica não é a mesma. Entendo até certo ponto, que o profundo conhecimento leva algumas pessoas resistirem ao que está sendo construído. Como estamos falando em arte, o sentido é mais amplo, portanto requer uma abertura constante ao mundo (das ciências, das artes...) que se transforma. Os significados, os símbolos da arte Contemporânea não podem ter a mesma expressão daquela que um crítico formou seus conhecimentos. Todos gostamos do belo. O belo só para apreciar? Ou montagens, instalações, desenhos...com recursos que identificamos e nos dão possibilidades de interpretar? Vivemos e construímos Arte, na Idade Contemporânea.